até onde vai?

Eu, como futura lingüista (amém!) não posso parar de pensar nas pessoas. Eu acredito que as pessoas são o centro de tudo. E que se, um dia, perdermos a fé no poder das pessoas, perderemos a fé na esperança; seria um Armageddon psicológico. Por isso que eu me recuso a perder a fé nas pessoas. Por isso que eu me recuso a acreditar que as coisas são feitas propositalmente pra causar o mal. Se, um dia, eu acreditar nisso, serei metade humana, metade um ser inanimado sem esperança. Viverei pela metade. Por isso sigo acreditando. Eu acredito no homem, na humanidade. Paciência. Acredito que o que está ruim pode, sim, ser mudado. Só falta gente de boa vontade e boa intenção - boa intenção no sentido literal e não a boa intenção da qual o infenro está cheio, que é a mais comum e divulgada.


Ser interessante, o homem... Pode fazer o que quer (teoricamente, esquecendo todas as coerções sociais e blá, blá, blá, por favor. Poupe-me do papo sociólogico, eu tenho enxaqueca.). O homem é o único ser que tem o poder de escolher, o poder de decisão. Grande poder. E, claro, como todo grande poder, a tendência é que seja mal aproveitado e que acabe sendo subjugado, inutilizado, jogado pela janela ou usado pro que não se deve. Típico. Esses traquejos são tão humanos que só um homem mesmo pra conseguir. Se um marciano chegasse na Terra, um dia, pra utilizar-se dessas artimanhas humanas de auto-complicação, ele morreria de rir com o que faz-se das respectivas vidas e nunca teria tempo de apliciar o que aprendera.


Voltando ao homem e suas escolhas...O homem pode escolher. Pode. Mesmo. E...o que faz? Torna a prórpia vida muito mais difícil e menos sua. Acaba escolhendo o que escolhe que lhe convém pra, então, escolher ser feliz ou infeliz e, enfim, escolher dizer se valeu ou não a pena. Escolhe não ver oportunidades, escolhe enxergá-las, escolhe disperdiçá-las. Escolhe escolher. E demora pra escolher. E continua tentando escolher e nunca escolhe o que quer escolher. Fica tentando escolher entre escolhas que já foram escolhidas. E nunca escolhe o que queria ou deveria, de fato, ter escolhido. O homem tem uma ingenuidade perene de conciliação, uma conciliação que é intangível. E continua tentando sair dessa confusão em que se envolve em busca da felicidade, com a inocência de um cachorro filhote correndo atrás do prórpio rabo, contente com a própria idiotice.


Cheguei, finalmente, onde queria. Até que ponto somos todos ingênuos e inocentes? Até onde, exatamente, vai a linha da ingenuidade pra começar a do cinismo? Se houvesse um exato instante pra medir onde um ser humano se torna cínico e hipócrita, qual seria ele? Seria mesmo o ser humano um cachorrinho que corre atrás do rabo na esperança de conseguir uma coisa que todos sabem que não é possível, menos o corredor; ou ele estaria plenamente consciente e conformado com seu papel de corredor-atrás do próprio rabo?


Caso a segunda hipótese seja verdadeira, isso explicaria muita coisa. Explica porque as pessoas gostam de concordar umas com as outras. Explicaria as unanimidades e as massificações. Explicaria que o ser humano só faz de conta que não vê algo impossível, mas que, na verdade, está vendo sim. Somente o auto-cinismo seria capaz de deixar uma pessoa cega. Cega ás prórpias escolhas, alheia ao próprio universo. Cega ao que acontece à sua volta e cego à própria manipulação que lhe impõem. Exemplos não faltam do quanto o homem tampa os olhos ao mundo e segue em estado catatônico, correndo atrás do próprio rabo...


Quando vejo pessoas que lêem uma matéria de jornal, cuja manchete 'imparcial' diz: "A mídia golpista...", chego quase a perder as esperanças que tenho numa mudança de visão. Será que o homem não vê a contradição em que vive ou vê e faz de conta que não vê por conveniência?


Quando vejo pessoas que apoiam idéias teóricas e arcaicas e que negam os fatos que aocnteceram ao longo da história, ou mesmo fatos que estão posicionados precisamente em frente dos seus respectivos narizes, me pergunto até que ponto uma ideologia serve para absolver um ser humano. E eu mesma respondo: até o ponto em que as pessoas absolverem pessoas por sua ideologia. Até que ponto uma ideologia é desculpa para atitudes acéfalas e barbáries? E até que ponto você aceita isso como uma desculpa?


Quando vejo pessoas assinando manifestos, participando de massas, unanimidades, abaixo assinados e o fazendo simplesmente por sentirem cheiro de 'muita gente', questiono: até onde você não está fazendo as coisas por osmose? Até que ponto você tem opinião própria?


Quando vejo que, na verdade, embora as ideologias sejam usadas como desculpa, ou mesmo como causa, raramente são motivações plausíveis ou possíveis para uma solução efetiva e contribuitiva para o que deveriam existir. Não vejo difusão, acesso, mudança. Vejo, sim, desculpas e justificativas aos montes para uma mudança irrisória. Vejo que o ser humano escolhe a mesma coisa com rostos diferentes. E vejo pessoas que se aproveitam dessa situação.


O que me motiva a continuar acreditando no ser humano?

Saber que ele tem o poder de escolher e pdoe escolher aprar de correr atrás do rabo um dia e ir fazer alguma coisa muito mais conveniente e satisfatória.


Ei, você!

Até onde você não vê o que você faz? Até onde você não vê o que precisa fazer? Até onde você se acomoda e fica correndo atrás do seu rabo?


Pense nisso.


Um abraço

E uma pílula.


Kaequilia

1 recados:

Lais de Queiroz disse...

Eu acho que enterrar e desenterrar ossos é mais divertido do que correr atrás do próprio rabo...
São as escolhas, né?

bjo flore